O texto: Em “Alguns aspectos do grotesco na ficção sulista estadunidense”, Flannery O’Connor tenta se explicar a uma espécie de “leitor modelo” às avessas, materializado na “mulher idosa da Califórnia”, que demandaria de sua obra a capacidade de “aquecer” o coração. A essa exigência de uma “literatura compassiva”, fiel ao modo como as coisas ocorrem na vida normal, a autora opõe um tipo de “ficção grotesca”, produzida graças a uma intenção motivada pelo próprio escritor. O texto foi publicado postumamente, em 1969, na coletânea de ensaios Mystery and manners: occasional prose.
Texto traduzido: O’Connor, Flannery. “Some aspects of the grotesque in Southern fiction.” In. Mystery and manners: occasional prose. Nova York: Farrar, Strauss & Giroux, 1969, pp. 26-34.
A autora: Flannery O’Connor (1925-1964), escritora americana, nasceu em Savannah, no estado sudeste da Geórgia. Publicou seu primeiro conto, “The Geranium”, em 1946, na revista Accent: A Quarterly of New Literature. Sua obra, que se enquadra no estilo literário gótico sulista e que apresenta reflexos do catolicismo romano, inclui romances e contos, além de ensaios literários. Dona de um estilo considerado frio, econômico e clínico, sua literatura retrata ambientes decadentes. Publicou dois romances, The Violent Bear It Away (1960) e Wise Blood (1952), enquanto seus contos foram compilados em uma edição póstuma, em The Complete Stories, de 1971.
As tradutoras: Ana Resende é mestranda em Estudos de Literatura, na Universidade Federal Fluminense (UFF), com pesquisa sobre as histórias de fantasmas da inglesa Vernon Lee. Para a (n.t.) traduziu Charles Beaumont, Shirley Jackson e Vernon Lee.
Lais Alves é mestranda em Teoria da Literatura e Literatura Comparada, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com pesquisa sobre a tradição gótica na obra do escritor brasileiro Cornélio Penna.