O texto: Publicado em 1795, The Book of Ahania (O Livro de Ahania), de William Blake, é uma releitura feita a partir do Gênesis e do Êxodo, e considerado da fase experimental de suas iluminuras. Idealizado como sequência do The Book of Urizen (1794) e dividido em seis capítulos, representa, na mitologia blakiana, a síntese do pensamento urizênico (tirânico) e sua trágica divisão interna, que alude à imagem profética da separação da eternidade e entrada na história. O resultado é uma alienação de si que cria Ahania, entidade feminina alada ligada à acepção do Pecado, a contraparte feminina de Urizen, que expõe o lamento advindo de toda a separação.
Texto traduzido: Blake, W. “The Book of Ahania”. In. Stevenson, W. H. (Ed.). Blake: The Complete Poems. London/New York: Routledge [1795], 2014, pp. 274-284.
Iluminuras: Blake, W. The Book of Ahania. Lambeth: Catherine Blake, printer, 1795. Plates 1-6. Licença: Library of Congress.
O autor: William Blake (1757-1827), poeta e gravurista inglês, nasceu em Londres. Considerado um dos maiores nomes da literatura inglesa, sua obra poética é constituída por livros proféticos que combinam escrita e ilustração segundo uma técnica particular de gravura desenvolvida pelo próprio autor. A partir de livros bíblicos e de John Milton, reinterpretou liricamente o bem e o mal para alcançar uma “união profética”, dotada de simbolismo. Escreveu e ilustrou mais de vinte livros, como A Divina Comédia, de Dante, e O livro de Jó, da Bíblia, e também, de artistas britânicos de sua época.
O tradutor: Sergio Ricardo Oliveira é licenciado em Letras e mestre em Educação pela UFF, e doutor em Serviço Social pela UFRJ. Tradutor e professor, suas atuais pesquisas voltam-se à ucronia, ao espaço-tempo social e às relações literatura e educação, literatura e sociedade. Para a (n.t.) traduziu Robert Graves.