O texto: Escrito em 1823, durante o período em que Foscolo esteve exilado na Inglaterra, o ensaio Principj di critica poetica, aqui parcialmente apresentado, foi composto como a introdução da coletânea Epoche della lingua italiana. O estudo, dividido em seis partes, trata da história da língua e da literatura italianas das origens até 1600, e foi considerado pelo crítico Francesco Flora “o primeiro esboço ilustre de uma história ‘filosófica’ da literatura italiana”. O método de análise literária ressalta a necessidade de considerar a obra literária não segundo regras pré-estabelecidas, mas a partir de elementos como a vida e o estilo do autor e os costumes, a política, a filosofia e a língua da época na qual a obra foi escrita. Foscolo, portanto, concebe a literatura na sua relação intrínseca com a sociedade, método que foi depois retomado por De Sanctis. Nos trechos aqui selecionados, o autor discute a relação entre a arte e a literatura, que serviriam para guiar o estudo e para explicar o processo de decadência da literatura na Itália. O texto foi publicado originalmente na revista inglesa European Review em 1824.
Texto traduzido: Foscolo, U. Principj di critica poetica con speciale riferimento alla letteratura italiana. In. Saggi di letteratura italiana. Parte I. Ed. Nazionale delle Opere, vol. XI. Firenze: Le Monnier, 1958.
O autor: Ugo Foscolo (1778-1827), um dos principais nomes da literatura italiana do século XIX, é conhecido principalmente pelas poesias e pelo romance epistolar Ultime Lettere di Jacopo Ortis, embora tenha se dedicado também ao teatro, à tradução, à ensaística política, histórica e literária. Desde muito jovem, embalado pelos ideais da Revolução Francesa, frequenta o tumultuado ambiente literário e político de Veneza, cidade para onde se muda após a morte do pai, em 1788. Quando Napoleão chega à Itália em 1797, Foscolo compõe a ode A Bonaparte liberatore, movido pela esperança de ver Veneza transformar-se em uma república democrática. Mas, em outubro do mesmo ano, Napoleão assina o Tratado de Campofórmio, que concede Veneza à Áustria. Desiludido, Foscolo busca refúgio em várias cidades italianas e europeias, até que 1816 opta pelo exílio em Londres, onde permanece até a morte.
A tradutora: Karine Simoni é mestre em História Cultural e Doutora em Literatura. É professora do Departamento de Língua e Literatura Estrangeiras da UFSC, atuando nos cursos de Letras-Italiano e de Pós-Graduação em Estudos da Tradução. Estuda a obra de Ugo Foscolo desde 2005, especialmente os ensaios críticos do autor, escritos entre 1803 e 1827.