O texto: Os três poemas traduzidos nesta seleção (“10W”, “11W”, “12W”) correspondem às elegias bélicas do poeta espartano Tirteu (c.640 a.C.). Apesar de fragmentários, constituem a parte mais preser-vada de sua poesia. Prescrevem um ideário guerreiro que condena a fuga (como αἰσχρός, aiskhrós, “feia e vergonhosa”, “torpe”) e glorifica o guerreiro que permanece firme na vanguarda do combate e morre lutando por sua pátria, de modo mais ou menos similar à tradição legada pela poesia épica, notadamente na Ilíada de Homero.
Textos traduzidos: West, M.L. (ed). Iambi et Elegi Graeci ante Alexandrum Cantati. Vol. 2. Oxford: Oxford University Press, 1992, exceto nos versos 10.11 W e 11.16 W, que seguem a edição: Gentili, B; Prato,C. Poetae Elegiaci Graeci. Vol. 1. Leipzig: Teubner, 1988.
O autor: Como muitos poetas da Grécia Arcaica (séc. VIII-VI a.C.), a biografia de Tirteu é repleta de lendas. De sólido, sabe-se apenas que atuou em Esparta durante a segunda guerra da Messênia (aproximadamente 640-630 a.C.). Alguns testemunhos antigos contam que ele foi um general espartano, enquanto outros afirmam que ele era um professor ateniense, coxo. Essa anedota relata que durante a guerra da Messênia, um oráculo vaticinou aos Espartanos que eles deveriam levar um general ateniense se pretendiam vencer a guerra. Os atenienses escolheram, por zombaria, o coxo Tirteu, que teria então chegado à Esparta e levado os lacedemônios à vitória, com as suas exortações em dísticos elegíacos.
O tradutor: Rafael Brunhara é professor de língua e literatura grega na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e mestre em Letras Clássicas pela Universidade de São Paulo, com a dissertação “Elegia Grega Arcaica, Ocasião de Performance e Tradição Épica: O Caso de Tirteu”. Desenvolve pesquisa de doutorado pelo programa de pós-graduação da mesma instituição, dedicando-se sobretudo ao estudo da elegia grega arcaica.