O texto: Em 1952, dois anos antes de cometer suicídio, Stig Dagerman escreveu o ensaio autobiográfico “A nossa necessidade de conforto é impossível de satisfazer”, uma espécie de testamento onde expõe suas buscas e lutas por manter-se vivo, manifestando sua inclinação ao suicídio, a ponto de considerá-lo a única prova da liberdade humana. Conhecido por sua obra marcada pelo desespero, símbolo da geração pós-guerra, Dagerman, desconsolado, reflete sobre o fato de a vida caminhar sem sentido em direção a uma morte inevitável, não sem deixar constância de que, ainda assim, é preciso buscar algum consolo para não se sentir solitário e abandonado em um cenário “impossível de satisfazer”.
Texto traduzido: Dagerman, Stig. »Vårt behov av tröst är omättligt« Husmodern, n. 13, 1952. Texto reproduzido: Dagerman, Stig. A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer. Trad. de Paula Castro e José Daniel Ribeiro. Lisboa: Fenda Edições, 1989.
O autor: Stig Dagerman (1923-1954), jornalista e escritor sueco, nasceu em Älvkarleby. Epítome de sua geração, após a Segunda Guerra sua obra teve grande acolhida com a publicação de seu primeiro romance, em 1945, Ormen, ao qual se seguiram três romances, uma coletânea de contos, cinco peças teatrais, centenas de poemas e ensaios jornalísticos. Sua obra é comparada a de Kafka e Camus, e aproximada do grupo de escritores suecos da década de 1940 conhecido como “Fyrtiotalisterna”, por canalizar sentimentos existencialistas de medo, alienação e falta de sentido comuns causados pelos horrores da Segunda Guerra e da iminente Guerra Fria. Após lutar anos contra a depressão, suicidou-se aos 31 anos, de envenenamento por monóxido de carbono.
Os tradutores: Paula Castro e José Daniel Ribeiro são os tradutores da edição de 1989 de »Vårt behov av tröst är omättligt«, de Dagerman, publicada em Lisboa pela Fenda Edições.