Na adaptação do poema "Grito Noturno" (1925) para os quadrinhos, o poeta ítalo-argentino Severino Di Giovanni se converte no eu-lírico-personagem que vaga solitário pelas ruas de uma cidade crepuscular. O sol se põe, flamejante e trágico, dando início a uma jornada intensa. Enquanto o percurso do poeta ganha a chance de uma noite, disposições anímicas dão forma e tom às suas recordações e pensamentos, definindo a paisagem citadina. Luzes e formas são recortadas por visões memoriais perturbadoras, o cenário noturno é fatalmente transformado pelas imagens internas onde figuram a força das emoções e dos símbolos. A partir daí, será mesmo possível escapar da perseguição ordinária do tempo? Qual seria a chave para o enigma que o condena solitário no âmago desse universo? Um pouco antes do alvorecer, o poeta finalmente encontra um refúgio, e nele, uma metáfora nascente que o repreende mas também o liberta.