O texto: “Vizinhos”, “O pai” e “Sinais”, os três contos aqui traduzidos, pertencem à coletânea Will you please be quiet, please?, publicada originalmente em 1976. Como em boa parte de sua obra, nestes textos Carver retrata as angústias, as insatisfações e os dramas do cotidiano de pessoas comuns: contadores, operários, secretárias, vendedores, garçonetes. Sua prosa minimalista tem atmosfera tensa e anticlimática que, ainda assim, consegue conter certo humor. Com palavras não ditas e conflitos não resolvidos, o sentido da história muitas vezes se revela apenas por meio de insinuações. Em Vizinhos, um casal se deixa seduzir pelo apartamento dos vizinhos; em O pai a narrativa gira em torno de um novo bebê na família; e em Sinais, outro casal vai revelando seus dissabores durante um jantar.
Texto traduzido: Carver, Raymond. Will you please be quiet, please? New York: 1992. p. 9-16, p. 41-42, p. 219-226.
O autor: Raymond Carver (1939-1988) foi um dos mais proeminentes autores da corrente literária norte-americana conhecida como realismo sujo. Dedicou-se à poesia e sobretudo aos contos, autodescrevendo-se como um escritor “inclinado à brevidade e à intensidade”. Cogita-se que sua obra seja um tanto autobiográfica, já que ele próprio, no início da carreira, foi um blue-collar worker, como vários de seus personagens. Carver foi alcoólatra e chegou a ser hospitalizado três vezes por causa da doença, até que, em 1977, superou o problema. Morreu em consequência de um câncer de pulmão, um mês e meio depois de se casar com sua segunda esposa.
A tradutora: Fabíola Werlang é tradutora e revisora, formada em Letras Português-Inglês pela PUC-PR, com especialização em Tradução pela USP. Dentre outros trabalhos, participou da coletânea Lá da Austrália (Editora Fólio, organização de Stella E. O. Tagnin), com a tradução do conto Being kind to Titina, do Nobel de Literatura de 1973, Patrick White, e recentemente concluiu a tradução de Pichón, a Memoir – Race and Revolution in Castro’s Cuba (no prelo).