O texto: Os seguintes textos de prosa poética são menos conhecidos na obra de Celan, pois figuram entre os poucos escritos originalmente em língua romena. Compostos durante o período em que o escritor morou em Bucareste (1945-1947), só vieram à luz em 1987, graças à iniciativa editorial do escritor e tradutor romeno Petre Solomon (1923-1991), amigo próximo de Celan em seu período bucarestino.
Texto traduzido: Solomon, Petre. Paul Celan, dimensiunea românească. Bucureşti, Kriterion, 1987.
O autor: Paul Celan (1920-1970), pseudônimo de Paul Antschel, nasceu no seio de uma família judia germanófona na então romena Cernăuţi (atual Чернівці ucraniana, antiga Czernowitz do Império Austro-Húngaro), talvez a mais cosmopolita cidade do Leste Europeu, onde pessoas e livros conviviam, e cujo perfil foi destruído pelo Nazismo e Comunismo soviético. Após perder os pais no Holocausto e se mudar para Bucareste e Viena, em 1948 se estabeleceu em Paris, onde sua carreira de escritor começou a ser reconhecida, e onde ganhou seu pão com traduções e aulas de alemão. Marcado pela guerra e envolvido na discussão moral quanto ao uso do alemão para se fazer poesia, ganhou notoriedade ao declarar que nada pode fazer com que um poeta desista de escrever, mesmo que ele seja judeu e que a língua de seus versos seja o alemão. Na primavera de 1970, se suicidou, atirando-se da ponte Mirabeau, no rio Sena. Celan foi o primeiro escritor de língua alemã a traduzir para o vernáculo de Goethe, em 1956, poemas de Fernando Pessoa – dentre eles, Tabacaria.
O tradutor: Fernando Klabin, paulistano, morou 16 anos na Romênia. Além de já ter traduzido textos dos Irmãos Grimm, Arthur Koestler, Robert Graves, Georg Trakl e outros, tem procurado difundir no Brasil obras representativas do pensamento e da cultura romenos. Nesse contexto, traduziu As seis doenças do espírito contemporâneo (Record, 1999) de Constantin Noica, Senhorita Christina (Tordesilhas, 2011) de Mircea Eliade, Nos cumes do desespero (Hedra, 2012) de Emil Cioran, Acontecimentos na irrealidade imediata (Cosac Naify, 2013) de Max Blecher e A Barca de Caronte (É Realizações, 2012) de Lucian Blaga. Para a (n.t.) já traduziu Max Blecher, George Bacovia e Urmuz.