O texto: O Livro dos Mortos é uma compilação póstuma de orações, hinos, feitiços e litanias do Antigo Egito, escrito em rolos de papiro. Os rolos eram depositados ao lado das múmias nas tumbas funerárias com o objetivo de auxiliar o morto em sua viagem a uma região de trevas conhecida como Aukert, ou “Mundo Subterrâneo”, para afastá-lo de eventuais perigos ao longo de sua viagem ao Além. Os egípcios, porém, não chamavam os textos de Livro dos Mortos, mas “A Manifestação do Dia” ou “Livro de Sair para a Luz”, ao qual faz parte o “Papiro de Nu”. Exposto no Museu Britânico (BM 10477) desde 1888, quando fora adquirido através do arqueólogo E. A. Wallis Budge, o papiro permite observar não só a abrangência do código moral egípcio, que continha uma série de “confissões” a serem proferidas, mas ilustra também o percurso final da alma após sua viagem ao “Mundo Subterrâneo”, momento em que é conduzida por Hórus para fazer a “Confissão Negativa”, que consta no “Papiro de Nu”. O trecho selecionado refere-se ao capítulo LXIV (nº 10477, folha 13), intitulado “De como conhecer os ‘Capítulos de sair à luz’ num único capítulo”. Em outras palavras, se trata de uma versão sucinta de todo o conjunto que conforma o “Papiro de Nu”. O papiro “folha 13” não traz ilustrada nenhuma vinheta, apenas os hieróglifos em cursivo.
Texto de referência: Budge, E. A. Wallis. “Papiro de Nu”. O livro egípcio dos mortos. Tradução de Octávio Mendes Cajado. São Paulo: Pensamento, 1995, pp. 252-255;
O autor: Os textos que integram o Livro dos Mortos não foram escritos por um único autor nem são todos da mesma época histórica, abrangendo uma série de dinastias egípcias. O “Papiro de Nu” é um “Livro da Morte” da cidade de Tebas, escrito durante a 18ª dinastia, que reinou no Antigo Egito entre 1550 a.C. e 1295 a.C. “Nu” era o nome do proprietário deste papiro, que foi, em vida, “Supervisor do Tesouro”, segundo as inscrições em seu sarcófago.
O tradutor: Octávio Mendes Cajado é o tradutor dessa tradução realizada a partir da versão inglesa proposta pelo egiptologista, arqueólogo e tradutor E. A. Wallis Budge (1857-1934).