O texto: Os textos selecionados fazem parte da prosa curta de Blecher, menos conhecida do público em geral, acostumado aos seus romances. O texto de cunho jornalístico “Berck, a cidade dos malditos” (1934), revela as primeiras impressões do autor diante de sua nova realidade de enfermo em Berck-sur-mer, na costa francesa do Canal da Mancha, onde passou uma temporada em busca da cura de sua recém-diagnosticada tuberculose óssea. O conto “Don Jazz” (1929), escrito em Berck-sur-mer − e que constitui um dos primeiros textos publicados do autor −, já revela seu gosto por imagens fortes e poéticas, além de denunciar o absurdo da vida. Já “Joãozinho Cubinho” (escrito entre 1935-1937) permaneceu inédito até o ano 2000, logo após ser descoberto no espólio do escritor romeno Geo Bogza, com quem Max Blecher manteve intensa correspondência.
Textos traduzidos: Blecher, Max. “Berck, oraşul damnaţilor”, “Don Jazz”. In. Vizuina luminată. Bucureşti: Cartea Românească, 1971; “Ioniţă Cubiţă”. In. M. Blecher, mai puţin cunoscut. Bucureşti: Hasefer, 2000.
O autor: Max Blecher (1909-1938) é um desses autores singulares que não suporta rótulo. Considerado vanguardista, surrealista, modernista e intimista, constitui, na literatura romena, um fenômeno único. Nascido no seio de uma abastada família judia, ainda jovem teve de interromper os estudos de Medicina na França ao ser diagnosticado com o Mal de Pott, que o confinou e o imobilizou ao leito em seus últimos 10 anos de vida. Isso não o impediu de se atualizar quanto às tendências culturais europeias e manter correspondência com Breton, Gide e Heidegger, além de outros intelectuais romenos. Embora restrita em páginas, assim como foi sua vida, limitada em anos, a intensidade de sua obra literária parece refletir a lógica de suas últimas palavras: Vivi em 29 anos mais do que outras pessoas em 100.
O tradutor: Fernando Klabin, paulistano, morou em Bucareste, onde se formou em Ciência Política e desenvolveu, entre outras, atividades no campo turístico. Além de já ter traduzido textos do alemão e do inglês, tem procurado difundir no Brasil a boa literatura escrita em romeno. Já traduziu, para o número inaugural da (n.t.), alguns poemas de Max Blecher do livro Corpo Transparente, e também textos de Ionescu, Bacovia, Urmuz, Ciprian Vălcan e Paul Celan.