Os poemas “Aioká”, “Cobra Grande” e “Boto”, de Maria Martins, integram a série de oito poemas em prosa publicada no livreto Amazonia (1943). Com uma tiragem de 500 exemplares, foi lançado na exposição que ocorreu na Valentine Gallery, em Nova York. Nos poemas, originalmente escritos em inglês e acompanhados pelas imagens de esculturas homônimas, Martins dialoga com Macunaíma, de Mário de Andrade, e Cobra Norato, de Raul Bopp, retomando as lendas amazônicas e de origem africana caras ao primitivismo modernista. Embora não tenha visitado a floresta in loco, e sua aventura tenha sido fruto de leituras e ocorrido nos planos estético e imaginativo, a escultora reforça a perspectiva da floresta como gênese metamórfica, em que figuram formas humanas, mescladas a animais e vegetais.
Texto traduzido: confira na revista.
A autora: Maria Martins (1894-1973), escultora, pintora e escritora brasileira, nasceu em Campanha, MG. Afilhada de Euclides da Cunha, estudou piano antes de dedicar-se à escultura. Viveu muitos anos na Europa, em países como a França, onde se casou com o diplomata Carlos Martins, a Bélgica, onde estudou escultura com Oscar Jespers, e os EUA, onde foi discípula de Jacques Lipchitz. Nos anos 1940, manteve um ateliê em Nova Iorque, aproximando-se de vanguardistas como Duchamp e Breton. Escultora surrealista, suas obras, reconhecidas internacionalmente, se destacam pelas formas orgânicas, contorcidas e sensuais, que remetem a antigas culturas, inspiradas em lendas do folclore nacional e da Amazônia.
A tradutora: Larissa Costa da Mata leciona Teoria da Literatura e Literatura Brasileira na UFERSA. É doutora em Teoria da Literatura pela UFSC e fez estágio pós-doutoral junto à USP. Organizou o livro Os gatos de Roma / Notas para a reconstrução de um mundo perdido, que reúne textos do artista Flávio de Carvalho e a coletânea de ensaios Flávio de Carvalho: “O berço da força poética”, ambos de 2019. Estudou a obra da escultora Maria Martins e da poeta Adalgisa Nery, concentrando-se no romance autobiográfico da escritora carioca e na biografia de Nietzsche. Para a (n.t.) traduziu Edgar Wind.