O texto: Os epigramas de Marcial a seguir apresentam mesma temática, o carpe diem, e o mesmo destinatário, Júlio Marcial. Em I, 15, o epigramista se mostra consciente sobre a fugacidade da vida ao aconselhar seu amigo a não desperdiçar seus melhores dias e não adiar mais as alegrias à espera de um futuro incerto, abandonando o tom mordaz, tão comum em seus versos. Em I, 55, o poeta expõe, de um lado, a rejeição de suas obrigações como cliens, os átrios dos poderosos e, por outro, o desejo epicurista de aproveitar de uma vida simples em um campo, onde poderia plantar apenas para o sustento. Em X, 47, o poeta recomenda ao amigo viver uma vida mais feliz e aproveitar as coisas simples dela, algo distante, embora pretendido, da rotina de Marcial. Esse epigrama foi lido, traduzido e adaptado pelos poetas do Humanismo europeu, como Clément Marot, Henry Howard e John Milton.
Texto traduzido: Martial. Epigrams. Vols. 1, 2 , 3 (Loeb Classical Library). Edited and translations by D. R. Sacleton Bailey. Londres: Harvard University Press, 1993.
O autor: Marco Valério Marcial (ap. 38-104 d.C.) foi um poeta latino que, em seus mais de 1500 epigramas, se apresenta como um cronista de sua época, por descrever a multifacetada sociedade romana do primeiro século da era moderna. Em sua obra, aborda uma variedade de temas, incluindo o próprio labor literário, caricatura de pessoas com seus vícios e virtudes, os espetáculos do Coliseu, os banhos públicos, os banquetes, além de homenagear o Imperador e seus amigos e tratar de assuntos filosóficos.
A tradutora: Mariana Beraldo Santana do Amaral da Rocha é doutoranda e mestra em Letras Clássicas pela UFRJ, licenciada em Letras Português/Latim. Estudiosa dos epigramas de Marcial, investiga o percurso literário que empreenderam na história da literatura universal.