O texto: Publicado na coletânea Amante da Palestina (عاشق من فلسطين), em 1966, Mahmud Darwich, no homônimo poema que dá título ao livro, lança mão de elementos que seriam uma constante em sua poesia, como a exaltação de sua terra natal e as metáforas que tomam a Palestina como figuras femininas. Em textos futuros, ele a transforma em pura polissemia, sendo a pátria idílica que não se pode retornar, a mãe carinhosa cujas mãos a distância não permite acariciar, a Al-Andaluz caída e tomada pelo estrangeiro. Na composição, o poeta toma o território palestino por amante, cantando a paixão e a tragédia de um amor vilipendiado. Mobilizando os recursos naturais e a própria natureza enquanto composição dessa mulher-território, exalta a resistência de uma Palestina histórica, com raízes profundas e impossíveis de serem extraídas.
Texto traduzido: confira na revista.
O autor: Mahmud Darwich (1941-2008), poeta e escritor árabe, nasceu em Al-Birweh, na Galileia. Conhecido como o Poeta Nacional da Palestina por sua afeição à pátria perdida, o autor usou sua terra natal como veículo para captar, compreender e expressar temas universais, não necessariamente atrelados apenas ao território palestino. Vítima da Nakba em 1948, a limpeza étnica palestina perpetrada pelo Estado de Israel, sua cidade natal foi destruída durante a ocupação. Ao deixar a Palestina, passou pela União Soviética, Egito, Líbano, Paris e Estados Unidos. Sua obra compreende mais de 30 livros, entre poesia e prosa, tendo sido traduzida para vários idiomas.
O tradutor: Matheus Menezes é mestrando em Literatura Estrangeira e Tradução pela USP (PPG - LETRA), onde desenvolve pesquisa sobre a literatura produzida pela diáspora árabe (mahjar) em São Paulo, no início do século XX. Para a (n.t.) traduziu Fawzi Maluf.