O texto: Seleção com dez poemas pertencentes à obra Ελεγεία και Σάτιρες (Elegias e Sátiras), de 1927, de Kóstas Karyotákis. Seus versos pronunciam-se como a expressão madura de um homem que desvela o fim da vida, a nulidade das coisas, mas que, sobretudo, discorre em tom de corrosivo sarcasmo sobre a ruína do mundo, de si próprio, contrapondo a pureza à destruição, a esperança à desesperança, a vida ao ocaso, sem perder a ternura pelo que é simples e belo. Formalmente, o poeta segue a tendência das gerações anteriores (parnasiana e simbolista), mas seu discurso lírico é original e inovador, bastante idiossincrático, de modo que não é possível enquadrá-lo em um movimento literário, mas certamente não se trata de um romântico decadente fora de época.
Texto traduzido: Καρυωτάκης, Κ. Ελεγεία και Σάτιρες. ΙΝ: Ποιήματα. Αθήνα (χωρίς ημερομηνία), Εκδόσεις Γ. Οικονόμου. Σελίδες 81-106.
O autor: Kóstas Karyotákis (1896-1928), poeta grego, nasceu em Tripoli, no Peloponeso. Considerado um dos mais importantes poetas gregos do século XX, sua obra, marcada por forte pessimismo, mas entremeada de fino humor e de profundo lirismo, foi concebida em um período obscuro da história grega (o autor vivenciou a Catástrofe da Ásia Menor, em 1922), e nela se entrevê uma tendência decadentista. Formou-se em direito, mas não obteve êxito como advogado, vivendo como funcionário público. Editou a primeira de suas três coletâneas poéticas Ο Πόνος του Ανθρώπου και των Πραμάτων (A dor dos homens e das coisas), em 1919, a segunda Νηπενθή (Nepentes), em 1921, e a terceira Ελεγεία και Σάτιρες (Elegias e Sátiras), em 1927. Suicidou-se aos 31 anos, com um tiro no coração.
O tradutor: Théo de Borba Moosburger é bacharel em Letras (Grego Antigo) pela UFPR e mestre e doutor em Estudos da Tradução pela UFSC. Para a (n.t.) traduziu Kostas Karyotákis, Giorgos Seféris, Aléxandros Papadiamántis, Ilias Venézis, Odysseas Elýtis, Nikos Engonópoulos, Emmanouil Roidis e Andreas Karkavitsas.