O texto: A presente coletânea concentra-se em poemas que põem em cena o próprio fazer poético: seu devir sócio-histórico, sua relação com a verdade, seu estranhamento perante as línguas estrangeiras e, sobretudo, suas componentes, tais como o ritmo, a rima e o verso. Os textos escolhidos, que provêm de três volumes tardios intitulados Wiersze bezlistne (Versos sem folhas, 1942), Lekkomyślne serce (Coração leviano, 1959) e Szeptem (Em sussurro, 1966), revelam-se bastante avessos à efusão emocional, que é, por vezes, vista como a característica da poesia feminina. Fortemente marcados pelo humor e pela linguagem coloquial, os poemas visam aos aspectos prosódicos do verso, dando especial atenção às possibilidades da rima assonante e da metrificação tonal na língua polonesa.
Texto traduzido: Iłłakowiczówna, Kazimiera. Wiersze zebrane 2. Warszawa: Państwowy Instytut Wydawniczy, 1971.
A autora: Influenciada na juventude pelo feminismo, a poeta Kazimiera Iłłakowiczówna (1892-1983) foi uma das personagens mais fascinantes e, ao mesmo tempo, mais destoantes do movimento modernista polonês. Em 1911 publicou seu primeiro volume de poemas intitulado Ikarowe loty (Voos de Ícaro). Formou-se em filologia inglesa e polonesa e, a partir de 1918, trabalhou no Ministério das Relações Exteriores como secretária do marechal Józef Piłsudski. Poliglota, traduziu para o polonês poemas de Emily Dickinson e do húngaro Endre Ady, assim como obras de Tolstoi, Goethe, Schiller, Böll e Dürrenmatt.
A tradutora: Olga Kempińska possui graduação e mestrado em Filologia Românica pela Uniwersytet Jagielloński de Cracóvia e doutorado em História Social da Cultura pela PUC-Rio. Atualmente é professora de Teoria da Literatura no Departamento de Ciências da Linguagem da Universidade Federal Fluminense. Sua experiência como tradutora, que envolve poesia, prosa e ensaio, começou em 2000, com a tradução de trechos de livros premiados na Edição Polonesa do Prêmio Goncourt. Para a (n.t.) já traduziu A amante do piloto, de Maria Pawlikowska-Jasnorzewska.