O texto: No ensaio “Entre o quéchua e o espanhol: a angústia do mestiço”, publicado originalmente em 1939 na revista Huamanga, José María Arguedas descreve a situação da língua quéchua nos Andes em face da imposição linguística do idioma espanhol. Para o escritor, o mestiço, ao fim, torna-se dono de uma literatura mesclada, que leva seu nome, mas que, ao mesmo tempo, representa o silenciamento sofrido pela língua quéchua e, por conseguinte, por toda a cultura andina, que poderia ser descrita em seu idioma original, e não subsidiada linguisticamente.
Texto traduzido: Arguedas, José María. “Entre el kechwa y el castellano: la angustia del mestizo”. In. Indios, mestizos y señores. Lima: Editorial Horizonte, [1939] 1985, pp. 34-38.
O autor: José María Arguedas (1911-1969), escritor e antropólogo peruano, nasceu em Andahuaylas. Considerado um dos grandes representantes da literatura moderna peruana, introduziu na literatura de seu país uma visão mais incisiva do mundo indígena e do povo andino em contraposição ao mundo ocidental e do povo espanhol que o colonizou. Os dilemas e as esperanças desse encontro intercultural são o cerne de sua obra, que estreou em 1935, com a publicação de seu primeiro livro de contos, Agua. Além de romancista, foi tradutor de literatura quéchua e estudioso do folclore de seu país, particularmente da música andina, ocupações que compartilhou com os cargos de funcionário público e professor.
O tradutor: Sergio Ricardo Oliveira é licenciado em Letras e mestre em Educação pela UFF, e doutor em Serviço Social pela UFRJ. Tradutor e professor, suas atuais pesquisas voltam-se ao tempo histórico e à relação literatura-educação-sociedade. Para a (n.t.) traduziu Robert Graves e William Blake.