O texto: Dois dos mais conhecidos poemas líricos de Milton, “L’Allegro” e “Il Penseroso” parecem haver sido compostos para leitura conjunta. Ambos descrevem os prazeres tanto da Alegria (Eufrosina ou, em inglês, Mirth) quanto da Melancolia (aqui encarada não como estado emocional de abatimento ou tristeza, mas estado psicológico de reflexão contemplativa). Paralelos em inúmeros aspectos, solicitam de suas cabíveis musas os prazeres que cada uma pode oferecer, arrolando-os de forma mais ou menos ordenada, com ampla variedade de referências e imagens (diurnas e noturnas, coletivas e solitárias, urbanas e campestres, laborais e espirituais, visíveis ou auditivas) e sintaxe aparentemente frouxa, sem o peso que por vezes adquire nos versos livres da grande poesia narrativa do autor.
Edição consultada: Edição-fonte: Milton, John. L’Allegro and Il Penseroso. In. Hughes, M. (ed.). Complete Poetry and Major Prose. London: David Nutt, 1957/2003, pp. 67-77.
O autor: John Milton (1608-74), poeta e ensaísta inglês, é considerado um dos maiores poetas da língua inglesa, juntamente com Geoffrey Chaucer e William Shakespeare. Escreveu em latim, italiano e inglês. Sua maior inovação poética foi o uso do verso branco na poesia épica. Dentre suas obras em verso, merecem destaque, além de Paradise Lost, sua continuação, Paradise Regain’d (1671) e o drama Samson Agonistes (1671), no qual o libreto do Samson de Handel foi baseado; entre seus tratados, destaca-se Areopagitica (1644), uma censura à censura. Por volta de 1654, Milton tornou-se cego, ditando sua obra poética a amanuenses; um de seus mais famosos sonetos, “On his blindness”, comenta o fato. Exerceu influência sobre inúmeros poetas posteriores, com destaque para William Blake — que o considera o maior poeta inglês e que o emprega como personagem em Milton: a Poem. Durante a Commonwealth, assumiu posto público, perdido com a Restauração.
O tradutor: Fabiano Seixas Fernandes é formado Licenciatura em Letras: Inglês (1999) e possui Doutorado em Literatura, área de concentração Teoria Literária (2004), ambos pela UFSC. Atuou como professor substituto na mesma instituição (2008-9); é professor adjunto de língua e literatura inglesa pela UFC (2010). Atualmente, dedica-se ao estudo e à tradução da obra poética de John Milton. Para a (n.t.) já traduziu Adão e Eva se conhecem, de John Milton.