O texto: Publicado originalmente no 17º número da revista parisiense Littérature, em dezembro de 1920, “Je serai sérieux comme le plaisir” (“Serei sério como o prazer”), de Jacques Rigaut, trata-se de um escrito extraliterário que tece reflexões sobre o suicídio, um tema aliás recorrente em sua obra. Para Rigaut, o suicídio, enquanto ato e vocação, expressa um valor de “sacramento único”, sendo a única via, de fato, para se escapar da vida. Lembramos, porém, que a atitude de Rigaut com relação ao suicídio é dialética: se por um lado o suicídio tinha para ele um valor de “sacramento único”, por outro sua conclusão se dá a partir de um afastamento da abordagem estoica, à medida que afirma que “a ausência de prazer é um mal intolerável”.
Texto traduzido: Rigaut, Jacques. “Je serai sérieux comme le plaisir”. Littérature, n. 17, décembre, 1920.
O autor: Jacques Rigaut (1898-1929), poeta francês, nasceu em Paris. Participante da aventura surrealista e integrante do movimento dadaísta, em 1920 publica pela primeira vez um de seus escritos, Propos amorphes, lançado na revista Action. Foi nessa época que passou a frequentar mais assiduamente os dadaístas e os surrealistas. Dentre suas principais obras estão a novela Lord Patchogue, que antecipa, à sua maneira, algo do “estádio do espelho” formulado por Lacan, e Papiers posthumes, coletânea de escritos reunidos postumamente por seus amigos. Suicidou-se aos 30 anos, com um tiro de revólver no coração.
O tradutor: Natan Schäfer é mestre em Estudos Literários pela UFPR e pela Université Lumière Lyon 2. Membro da Biblioteca Psicanalítica de Berlim (PsyBi), foi professor da Escola de Belas-Artes do Paraná (UNESPAR) e atualmente dedica-se à edição e à tradução, capitaneando a Contravento Editorial, e também escreve para a coluna “A Fresta”, publicada quinzenalmente pela editora Sobinfluência.