O texto: Apesar do pequeno corpus poético, que inclui dez sonetos e três canções, a poesia de Isabella di Morra é considerada uma das mais intensas e comoventes da poesia lírica medieval italiana. Desconhecida em vida, seu livro póstumo, Rime, reúne sua exígua, mas densa obra, marcada, na primeira parte, pelo mal-estar e a esperança de fuga (nos nove sonetos iniciais), e na segunda, pela resignação e conforto na religião (no último soneto e nas três canções). Esta tradução apresenta os dez sonetos de Rime, que apareceram parcialmente pela primeira vez em 1552, em Rime di diversi illustri signori napoletani, de Ludovico Dolce, e depois integralmente em 1559, em Rime diverse d’alcune nobilissime, et virtuosissime donne, coletânea editada por Lodovico Domenichi, sendo resgatada por Benedetto Croce, que lhe dedicou um estudo em 1929, em La critica, republicando as rimas
Texto traduzido: Grignani, Maria Antonietta. “Per Isabella di Morra”. In. Rivista di Letteratura Italiana, II, 1984, pp. 519–584.
A autora: Isabella di Morra (1520-1546), poeta italiana, nasceu em Valsinni. De família nobre, dedicou-se às letras e à poesia, tendo vivido sozinha no castelo da família, por obrigação dos irmãos, após o exílio do pai. Na juventude, passou a compor poemas, quando conheceu o poeta espanhol Diego Sandoval de Castro, com quem iniciou correspondência literária. Ao suspeitarem de uma relação amorosa entre ambos, os irmãos a mataram, e logo depois, o poeta Diego, fugindo do vilarejo natal. Sua poesia, que fora descoberta somente após a tragédia e incluída como parte das “provas”, é considerada um caso isolado no cenário literário da época, influenciada pela corrente petrarquista, mas também pioneira da poesia romântica e de questões existenciais abordadas por Leopardi.
O tradutor: Gleiton Lentz (vide tradução de En-hedu-Ana).