O texto: O bilhete de despedida de Ghazaleh Alizadeh foi escrito em 12 de maio de 1996, antes de ela, convalescente de câncer, se dirigir a um bosque adjacente à sua propriedade, no vilarejo iraniano de Javaher Deh, às margens do Mar Cáspio, e se suicidar. Nele, a poeta, além de falar do destino de seus escritos inacabados e legá-los aos amigos, escreveu que se sentia sozinha e cansada, e que não queria mais “girar a chave para abrir a porta, a fim de entrar novamente em uma casa escura”, metáfora que utilizou antes de se tornar a autora de sua própria morte.
Texto traduzido: با غزاله تا نا کجا: مجموعه داستان / غزاله علیزاده - تهران: توس ۱۳۸۲
A autora: Ghazaleh Alizadeh (1949-1996), poeta e escritora iraniana, nasceu em Meshed. Formada em Ciências Políticas pela Universidade de Teerã, se transladou à França para estudar direito e logo filosofia na Universidade de Sorbonne, com dissertação sobre o poeta persa Molavi. Iniciou sua carreira literária escrevendo contos e artigos para a imprensa de Meshed. Dentre suas obras, destacam-se o romance خانه ادریسیها (A Casa das Hortências), دو منظره (Duas paisagens) e شبهای تهران (Noites de Teerã). Em outubro de 1994, junto a uma centena de intelectuais iranianos, assinou uma declaração exigindo liberdade de expressão no país. Sofrendo de câncer, tentou duas vezes pôr fim à própria vida, sem sucesso. Mas em 1996, no vilarejo de Javaher Deh, suicidou-se aos 47 anos, enforcando-se em uma árvore.
O tradutor: Miguel Sulis, coeditor da (n.t.), é bacharel em letras (alemão e literaturas de língua alemã), mestre e doutor em literatura pela UFSC. É tradutor, professor de grego e dedica-se aos estudos da tradução. Para a (n.t.) traduziu Rufinos, Kaváfis, Forugh Farrokhzad, Ritsos, Sacher-Masoch, Haris Vlavianos, Solomós, Maria Polyduri, dentre outros.