O texto: Nos últimos anos de sua vida, George Bacovia registrou em seus cadernos estas “divagações”. Em fluxo de consciência, anotou pensamentos e recordações, afetos e desafetos, alegrias e tristezas, amiúde sem um nexo entre as sentenças. Trata-se de um exercício poético e mnemônico para a morte (de onde advém sua “utilidade”), um memento mori simbolista e elegíaco, um longo e hesitante adeus, escrito em uma prosa poética que equivale a uma iniciação lírica na “escuridão”.
Texto traduzido: Bacovia, G. “Divagări utile”. In. Plumb: versuri, proza. Bucureşti/Chişinău: Litera, 2001, pp. 303-313.
O autor: George Bacovia (1881-1957), poeta e escritor romeno, nasceu em Bacău. Considerado o maior expoente do simbolismo de seu país, conquistou tardiamente o merecido renome. Sua poesia tem sido reverenciada pela singularidade e aparente simplicidade, uma precursora do modernismo romeno, permanecendo inclassificável e irredutível frente às tendências artísticas às quais costuma ser associada, do simbolismo ao suprarrealismo, do expressionismo ao existencialismo. Publicou seu primeiro livro de poesia, Plumb (Chumbo), em 1916, seguido de Scântei galbene (Faíscas amarelas) e Bucăți de noapte (Estilhaços de noite), 1926.
O tradutor: Rodrigo Inácio R. Sá Menezes é bacharel em Filosofia, mestre em Ciências da Religião e doutor em Filosofia pela PUC-SP. Estudioso da obra de Emil Cioran, é editor da Átopos Editorial. Para a (n.t.) traduziu Cioran, Héctor Escobar Gutiérrez, Mihai Eminescu e Albert Caraco.