O texto: Os quatro poemas em prosa aqui apresentados ao leitor constituem parte dos oito textos que compõem o volume “Bucăţi de noapte”, publicado no fim de 1926, graças aos esforços da esposa do poeta, Agatha Grigorescu, poetisa também ela, e grande entusiasta da criação do marido. Os textos, publicados previamente em revistas literárias romenas, respectivamente em 1923 (“Tarde” e “Na Cafeteria”), 1918 (“Em vão”) e 1915 (“O Cubo Negro”), adquiriram sua versão definitiva apenas em 1944, com a publicação do volume Obras. Bacovia em geral não é lembrado por sua prosa, e são poucos os seus admiradores, mesmo romenos, que conhecem essa sua faceta. A prosa aqui representada é composta por elementos decadentes de uma delicadeza que nada fica a dever a seus mais conhecidos poemas.
Texto traduzido: Bacovia, George. Opere. Bucareste: Univers Enciclopedic, 2001. Edição realizada em colaboração com a Academia Romena.
O autor: Considera-se que George Bacovia (1881-1957), escritor e poeta romeno, se formou na escola do simbolismo literário francês. Tanto sua prosa como sua poesia se baseiam numa técnica única na literatura romena, com visíveis influências dos maiores autores líricos modernos franceses, por ele admirados. Inicialmente desprezado pela crítica, o singular Bacovia era rotulado com dificuldade, de simbolista, neo-simbolista, a supra-realista, expressionista e existencialista, até finalmente ser aclamado, postumamente, como um dos maiores poetas modernistas romenos. Paradoxo da modernidade, em que a biografia individual do artista costuma ultrapassar em intensidade sua própria obra, o pacato Bacovia esteve longe de ter uma vida à altura de sua criação, embebida numa atmosfera única no contexto literário romeno.
O tradutor: Fernando Klabin, paulistano, mora desde 1997 em Bucareste. Além de já ter traduzido para o português textos dos Irmãos Grimm, Arthur Koestler, Robert Graves, Georg Trakl e outros, tem procurado difundir no Brasil obras representativas do pensamento e da cultura romenos. Nesse contexto, traduziu As seis doenças do espírito contemporâneo (Record, 1999) de Constantin Noica, Senhorita Christina (Tordesilhas, 2011) de Mircea Eliade, Nos cumes do desespero (Hedra, 2012) de Emil Cioran, Acontecimentos da irrealidade imediata (Cosac Naify, publicação prevista para 2013) de Max Blecher e A Barca de Caronte (É Realizações, 2012) de Lucian Blaga. Para a (n.t.) já traduziu Corpo transparente, de Max Blecher.