O texto: O conto Ἡ Μηλιά (Macieira) foi publicado originalmente em 1895, no jornal ateniense Ακρόπολις (Akrópolis). Trata-se de um texto particular dentro da produção de Roídis, por ser o único escrito em demótico (grego vernáculo) em meio à sua produção em katharévousa (grego cultista, arcaizante). Como o próprio autor observa em nota, a narrativa é uma versão livre inspirada por uma fábula italiana. Porém, como de costume nos textos de Roídis, ela assume dimensões de uma provocativa sátira política.
Texto traduzido: Ροΐδης, Εμμανουήλ. Άπαντα. Πέμπτος Τόμος, 1894-1904. Φιλολογική επιμέλεια: Άλκης Αγγέλου. Αθήνα: Ερμής, 1978, σελίδες 109-117.
O autor: Emmanouil Roídis (1836–1904) nasceu em Ermoúpolis, na ilha de Syros (arquipélago das Cíclades), importante centro do então recém-formado Estado Grego. Viveu alguns anos de sua infância na Itália, e estudou filologia em Berlim. Passou a sua vida madura em Atenas, onde atuou e faleceu. Foi uma figura central e vanguardista no cenário intelectual grego do séc. XIX, tendo publicado crônicas, ensaios, contos e uma novela histórica. Foi progressista e bastante engajado em questões políticas, tendo sido um duro crítico da Igreja (especialmente da igreja ocidental, com que exercia uma crítica indireta à Igreja Ortodoxa). É reconhecidamente um dos maiores estilistas da katharévousa (grego arcaizante), e sua obra, muito marcada pela sátira e pelo senso de humor, apesar de datada em alguns aspectos, apresenta grande interesse devido à riqueza de temas, inventividade, estilo e originalidade.
O tradutor: Théo de Borba Moosburger é bacharel em Letras (Grego Antigo) pela UFPR e mestre e doutor em Estudos da Tradução pela UFSC. Estudou grego moderno e música popular grega em Atenas. Já atuou como tradutor juramentado de grego e possui diploma de proficiência em grego (C2) do Ministério da Cultura da Grécia. Tem traduções publicadas do grego antigo, medieval e moderno, e também do islandês, língua à qual se dedica paralelamente, com interesse especial na literatura islandesa medieval. Para a (n.t.), traduziu Kostas Karyotákis, Giorgos Seféris, Aléxandros Papadiamántis, Ilias Venézis e Odysseas Elýtis.