O texto: Publicado em 1956, La tentation d’éxister é o terceiro livro de Emil Cioran escrito em francês, idioma que adotou ao se auto-exilar em Paris. O volume, ao qual pertence “Démiurgie verbale”, o primeiro dos ensaios aqui traduzidos, distingue-se dos dois anteriores (Breviário de decomposição, de 1949, e Silogismos da amargura, de 1952), assim como da maioria dos livros do pensador, por apresentar um caráter mais ensaístico e dissertativo, em contraste com o laconismo aforismático pelo qual se tornou conhecido. Já Écartèlement, publicado em 1979, é um dos últimos livros de Cioran, em que seu estilo francês já se encontra bastante consolidado. É composto por aforismos e ensaios dissertativos, dentre os quais “Urgence du pire”, em cujo texto o autor discorre sobre a história e seus impasses, opondo as utopias modernas às visões trágicas e apocalípticas dos povos antigos, com as quais a nossa época estaria de acordo.
Textos traduzidos: Cioran, Emil M. “Démiurgie verbale”. La tentation d’éxister (1956). In. Œuvres, Paris: Gallimard, 1995, pp. 942-945; “Urgence du pire”. Écartèlement (1979). In. Œuvres. Paris: Gallimard, 1995, pp. 1434-1442.
O autor: Filósofo de formação e pensador marginal por opção, ensaísta e aforista, o franco-romeno Emil Cioran (1911-1995) é um emble-mático caso do bilinguismo moderno, tendo escrito diversos livros em seu idioma materno, dentre os quais dois publicados no Brasil: Nos cumes do desespero (1934) e O livro das ilusões (1936), e os demais, em francês. Sua obra é marcada pela combinação de um pensamento perturbador com uma prosa poética encantadora.
Os tradutores: Rodrigo Menezes é doutorando em Filosofia pela PUC-SP, com tese sobre escritura e niilismo em Cioran.
Luiz Cláudio Gonçalves é Doutor em Letras, professor de Filosofia Antiga na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e pesquisador de Cioran.