O texto: À primeira vista, o título deste texto pode levar à expectativa de que os argumentos de Edith Wharton tratarão de validar o hábito da leitura em geral. Aqui, porém, a autora utiliza o termo “vício” em seu sentido mais negativo. Ela defende que a leitura entendida como dever social pode levar à decadência intelectual e prejudicar a literatura. Entre as categorizações que lhe são muito caras, nenhuma outra chama mais atenção do que o “leitor mecânico”: segundo Wharton, trata-se de um leitor que lê metodicamente contando as páginas, embebido em suas boas intenções, seguro de sua própria competência intelectual. De modo bastante mordaz, a autora salienta a inexpressividade do leitor mecânico, até o momento em que ele invade o campo da crítica: neste momento, torna-se uma ameaça. Com uma série de imagens e ironias, Wharton tece sua análise com a latente esperança de que o quadro se modifique e o número de leitores mecânicos seja suplantado pelo número de “leitores natos”.
Texto traduzido: Wharton, Edith. “The Vice of Reading”. The North American Review (University of Northern Iowa), Vol. 177, No. 563 (Oct., 1903), pp. 513-521.
A autora: Edith Wharton (Edith Newbold Jones, 1862-1937) era de origem aristocrática, o que lhe permitiu, além de dedicar-se com afinco à literatura, cultivar amizades com muitas das mais proeminentes figuras da sociedade estadunidense e europeia de sua época. Suas relações e viagens lhe propiciaram a base para a composição de suas obras, todas com um teor analítico da sociedade. O cenário de sua obra mais importante, The Age of Innocence, é sua cidade natal: Nova York. Por esse livro, foi a primeira mulher a receber o Prêmio Pulitzer, em 1921.
Os tradutores: Juliana Steil é pós-doutoranda no Programa de Estudos da Tradução da UFSC. Atualmente, estuda as ilustrações de William Blake para a Divina Comédia. Para a (n.t.) já traduziu O Fantasma de Abel, de Blake.
Jonas Tenfen é graduado em Letras – Língua Portuguesa e Literaturas na UFSC. Trabalha com ensino de português como língua estrangeira.