O texto: Em 1839, Edgar Allan Poe selecionou vinte e cinco de seus contos escritos e publicados em diversos jornais e revistas desde 1831. Essa coletânea em dois volumes, com o título de Tales of the Grotesque and Arabesque, foi lançada em 1839, porém trazendo na página de rosto o ano de 1840. O prefácio expõe as linhas gerais que nortearam a seleta: os contos do grotesco correspondem a histórias de bizarra comicidade e os do arabesco correspondem às histórias ditas “góticas” (ou “germânicas”, como protesta Poe). Ainda em termos gerais, pode-se dizer que essa distribuição de Poe segue, no grotesco, a ideia da caricatura cômica e disforme e, no arabesco, a repetição obsessiva de uma determinada forma, simplificando os atributos secundários e aprofundando apenas o elemento essencial. Ainda que todos os contos que integram a antologia Tales of the Grotesque and Arabesque tenham sido publicados no Brasil, a antologia em si, tal como foi montada por seu autor, é – a despeito do que possa constar nas fichas técnicas de várias edições brasileiras – inédita entre nós. Seu prefácio é tanto mais importante por ser o único texto em que Poe comenta essas grandes linhas de força que percorrem sua obra.
Texto traduzido: Tales of the Grotesque and Arabesque (1839). “Preface”. In. The Edgar Allan Poe Society of Baltimore, www.eapoe.org/works/editions/tgavolI.htm
O autor: Edgar Allan Poe nasceu em 19 de janeiro de 1809, em Boston, de pais pobres, atores teatrais ambulantes. Ingressou na universidade em 1826, quando se inicia sua carreira alcoólica; ficando sem recursos, abandona os estudos no ano seguinte, quando publica sua primeira obra, Tamerlão e Outros Poemas. Levando uma existência difícil, de pobreza constante, dependência do álcool, vários problemas de saúde, casos amorosos intensos, a paixão e casamento com a prima, Poe escreve poemas, contos, resenhas e críticas literárias. Tido como o pai do romantismo sombrio e do conto policial, poeta de rigor quase matemático, após a morte da esposa em 1847 afunda-se ainda mais no álcool. Tenta se recuperar, mas, em circunstâncias jamais esclarecidas, sucumbe à inconsciência e ao delirium tremens numa viagem a Baltimore. Após alguns dias agonizando no hospital, morre em 7 de outubro de 1849, dizendo: “Ó Senhor, ajudai minha pobre alma”.
A tradutora: Denise Bottmann, historiadora, pesquisadora e ex-docente do Departamento de Filosofia da Unicamp, dedica-se ao ofício de tradutora desde 1985, com mais de cem obras de tradução publicadas, sobretudo na área de humanidades.