O texto: Escrito em 1939, às vésperas da entrada da Inglaterra na 2ª Guerra Mundial, este ensaio de E. M. Forster, além de um libelo contra o totalitarismo e a ameaça bélica, pode ser tomado como uma síntese das convicções políticas e intelectuais que acompanharam o autor desde os textos de juventude, tributárias de sua filiação ao que poderíamos denominar humanismo liberal. Após 1914, a experiência da guerra, as transformações do ambiente dos grandes centros urbanos e a eclosão dos sistemas autocráticos colocaram em cheque os valores centrais desse humanismo, tais como a confiança inabalável na razão humana, o ideal de justiça e tolerância, a noção de progresso histórico, etc. Forster será sensível a tais transformações e adotará, em seus escritos, com seu humor peculiar, uma atitude cética, quase trágica, quanto à possibilidade do resgate dos princípios humanistas que o orientaram na juventude – algo que este ensaio ilustra com perfeição.
Texto traduzido: Forster, E. M. “What I Believe” In: Two Cheers for Democracy. New York: Harcourt, Brace and Company, 1951.
O autor: Edward Morgan Forster (1879-1970) é um dos principais romancistas ingleses do século XX. Sua escrita se caracteriza pelo uso de uma fina ironia em frases de sóbria elegância, tendo por alvo a sociedade burguesa de classe média alta da Inglaterra antes da 1ª Guerra Mundial. Formado pelo King’s College, fez parte de um grupo de intelectuais, dos quais se destacam John Maynard Keynes e G. E. Moore. Além de romances (cuja escrita abandonou relativamente jovem, com a publicação de A Passage to India, de 1824, dedicou-se a outros gêneros literários, como narrativas curtas, ensaios, discursos, biografias, entre outros.
O tradutor: Helvio Moraes é professor de Língua Inglesa e Literatura na Universidade do Estado de Mato Grosso – Unemat. É mestre e doutor em Teoria e História Literária pela Unicamp. O estudo e a tradução de algumas narrativas curtas e o presente ensaio de E. M. Forster fazem parte do projeto de pesquisa Homo urbanus: relações entre o homem e a cidade em narrativas do século XX e início do XXI. É membro do UTopos – Centro de Pesquisa sobre Utopia, sediado na Unicamp.