O texto: A presente coletânea provém do volume Budowałam barykadę (Construindo uma barricada), publicado por Świrszczyńska trinta anos após o levante de Varsóvia. Naquela desesperada tentativa dos poloneses de liberar a capital, que teve lugar entre 1 de agosto e 3 de outubro de 1944, milhares de pessoas morreram, dentre as quais muitos civis e jovens, sendo parte da cidade sido destruída. A poeta participou do levante como enfermeira e os poemas escolhidos remetem justamente a essa experiência. Sua tonalidade autobiográfica permite frisar, sobretudo, a dimensão cotidiana da vida e da luta na capital. A brevidade dos textos, sua elaborada simplicidade, a presença de diferentes formas do discurso e o uso preciso da repetição participam da construção de cenas mínimas do humano.
Texto traduzido: Świrszczyńska, Anna. Budowałam barykadę. Kraków: Wydawnictwo Literackie, 1979.
A autora: Poeta polonesa, Anna Świrszczyńska (1909-1984) começou a publicar em 1930. Estudou Literatura Polonesa na Univer-sidade de Varsóvia, e muitos de seus trabalhos, como contos e edições de revistas, são voltados a leitores jovens. Seus livros revolucionários surgiram tarde, entre os quais, Czarne słowa (Palavras negras, 1967), Wiatr (Vento, 1970) e o volume de 1972, intitulado Jestem baba (Sou mulher). Sua poética transforma-se, então, em uma proposta especificamente feminista que, lançando mão de um ponto de vista feminino e de um estilo lapidário, põe em cena o corpo, inclusive em dimensões fisiológicas, como, por exemplo, na experiência do parto.
A tradutora: Olga Kempińska possui graduação e mestrado em Filologia Românica pela Uniwersytet Jagielloński de Cracóvia e doutorou-se em História Social da Cultura pela PUC-Rio. Atualmente é professora de Teoria da Literatura no Departamento de Ciências da Linguagem da UFF. Sua experiência como tradutora, que envolve prosa, poesia e ensaios, começou em 2000, com a tradução de trechos de livros premiados na Edição Polonesa do Prêmio Goncourt. Para a (n.t.) já traduziu poemas de Maria Pawlikowska-Jasnorzewska e de Kazimiera Iłłakowiczówna.