O texto: Em 1934, ao dar um novo rumo para sua poesia, mais aberta à experimentação de vanguarda, Alfonsina Storni publicou Mundo de siete pozos, livro que, no conjunto, narra a busca da poeta por uma forma capaz de expressar os dramas modernos do ser humano, encerrado, disperso e fragmentado na acre paisagem urbana do século XX. Nele, a cidade, ou “a rosa do cimento” como a poeta a chama, é representada em uma série de composições intitulada “Motivos de ciudad”, onde as ruas, a multidão, o transporte urbano e as luzes elétricas são apenas algumas alusões ao período da belle époque portenha. Além dos Poemas citadinos, esta seleção inclui também as composições “Buenos Aires” e “Versos à tristeza de Buenos Aires”, que revelam os primeiros olhares da poeta sobre a cidade, pertencentes, respectivamente, aos livros Languidez (1920) e Ocre (1925).
Texto traduzido: Storni, Alfonsina. Antología poética. Buenos Aires: Losadas, 1956.
A autora: Poeta e escritora argentina, Alfonsina Storni nasceu na Suíça italiana, em 1892, e faleceu em Mar del Plata, Argentina, em 1938. Iniciou sua carreira literária em 1916, com a publicação de La inquietude del rosal, livro de tom intimista e sentimental, seguido de El dulce daño (1918), Irremediablemente (1919) e Languidez (1920). Na década seguinte, publicou Ocre (1925), que marcou um novo rumo de sua poesia, pela introdução, sobretudo, de temáticas feministas. Nos primeiros anos da década de 1930 fez várias viagens à Europa, quando então se abriu às experimentações de vanguarda, mediante um estilo mais livre e descompassado, com as coletâneas Mundo de siete pozos (1934) e Mascarilla y trébol (1938). Após o diagnóstico e tratamento de um câncer, suicidou-se em 1938 em Mar del Plata, atirando-se ao mar e deixando escrito um último poema intitulado “Vou dormir”.
O tradutor: Gleiton Lentz é editor, tradutor e doutorando do curso de Literatura, pela UFSC. Dedica-se ao estudo e tradução da poesia simbolista italiana e hispano-americana. É autor dos livros de poesia Enquanto os tempos forem nublados estarás só (2006) e Estátuas de Inverno (2010).