O texto: Excertos de Bréviaire du Chaos, de Albert Caraco, livro publicado em 1982 que se caracteriza por sua prosa mortuária e quase automática, como uma espécie de Litania do Caos. Os textos (não titulados) se destacam pela locução rudimentar, desprovida de qualquer preocupação estilística, com longas sentenças marcadas pelo excesso de vírgulas, como um caótico fluxo de consciência para a morte. No breviário, o autor aborda temas como o absurdo da história e a decadência da civilização, a alienação do homem moderno e a solidão das grandes cidades, a reificação e a massificação da subjetividade, a dissolução, a morte e o caos, onde o suicídio, curiosamente, não é enunciado uma vez sequer.
Texto traduzido: Caraco, Albert. Bréviaire du Chaos. Lausanne: L’Age d’Homme, 1999.
O autor: Albert Caraco (1919-1971), poeta, escritor e filósofo de origem turca, ascendência judaica e nacionalidade franco-uruguaia, nasceu na antiga Constantinopla. Personagem cosmopolita, viveu em Praga, Berlim, Viena, Paris e Montevidéu. Na Segunda Guerra, seus pais fugiriam para a América do Sul, passando pelo Rio de Janeiro e Buenos Aires antes de se instalarem no Uruguai. Ao retornar à Europa, sua visão de mundo se viu dominada pela evidência do mal e do caos contra os quais indivíduos e povos não têm defesa. Pela radicalidade de seu pensamento, aproxima-se de outros autores judeus, como Otto Weininger e Carlo Michelstaedter. Após a morte de seus pais, suicidou-se aos 52 anos, enforcando-se.
O tradutor: Rodrigo Menezes é doutor em Filosofia pela PUC-SP. Além de tradutor, é professor de idiomas, blogueiro e pesquisador acadêmico da obra de Cioran. Para a (n.t.) traduziu Cioran, Héctor Escobar Gutiérrez e Mihai Eminescu.